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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Os Anjos não morrem: momentos de Cabaret


TAS - Teatro de Animação de Setúbal




São momentos como este, proporcionados por um conjunto de verdadeiros artistas, que nos fazem ascender a outros patamares nas nossas vidas quotidianas e rotineiras. Bravo!
People de Setúbal: Wake Up! Eles existem e estão aí para nos deslumbrar. Com texto de Célia David a partir de Bertolt Brecht e Paul Strand. Com música de Rui Serôdio a partir de Kurt Weill. Com uma equipa fantástica de actores: Duarte Victor; Isabel Ganilho; José Nobre; Maria Simões e Sónia Martins (parabéns a esta última, conhecimento da minha adolescência e que persistiu brilhantemente no desempenho desta arte!). Acompanhados no piano por Rui Serôdio.

«Um teatro a que falta o contacto com o público é um contra-senso.»
Brecht

"Este espectáculo foi concebido em função de um espaço, o Teatro de Bolso, foi criada uma dinâmica dramática à volta do desenho da vida, aqui representado por um círculo suspenso, um quadrado de cordas, um rectângulo negro, um piano e um foco de luz. Tem na essência a confiança das vozes dos actores, o inesperado de um combate de boxe, a ternura de um pianista de unhas vermelhas e os manequins da sala de costura.
Mack Navalha, o the Knife de "A ópera dos três vinténs" de Bertolt Brecht ou Lola, Jenny e a famosa Lili Marlene são personagens apresentadas através das canções. Este é um musical de cabaré em que os actores se desdobram em artistas, apresentadores, soldados e amantes. Em lutadores de boxe, cantores, bailarinos que se entregam a um jogo de provocação e sedução com o espectador.
Teatro de guerra. Na guerra ou paz vivemos tempos sombrios.
As modas, os costumes sexuais, as ideologias políticas e a crítica, a ironia e a sátira. Ambiente inspirado na memória do kabarett alemão, Berlim 1900, Berlim na segunda guerra mundial, Berlim no pós-guerra ou um espectro próximo do imaginário de Fassbinder, Andrzej Wajda, Wim Wenders e "As asas do desejo" e até Chaplin e um humor aparentemente infantil que assume contornos de cinema mudo.
Kurt Weill, compositor da maioria dos temas apresentados, é uma referência neste contexto. Com Bertolt Brecht criou as mais belas canções de cabaré que sobrevivem até hoje e são objecto de uma infinidade de versões, traduções e recriações. É um mundo de poesia de conteúdo social e música igualmente politizada, uma conjugação perfeita. Mesmo que se trate de entretenimento nunca devemos deixar de tomar consciência da nossa situação enquanto cidadãos, homens e mulheres atentos e actuantes. "

«O homem, meu general, é muito útil. Sabe voar e sabe matar mas tem um defeito: - Sabe pensar. »
Brecht

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