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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Miscelânias




Muito do que permanece nas nossas memórias das viagens que fazemos são essencialmente sensações e aromas. Tem muito a ver com aquilo que sentimos na altura, como estamos emocionalmente, psicologicamente. Tudo isso vai repercutir-se nas impressões com que ficamos dessas viagens.

Marrocos recorda-me a fragrância da hortelã, o chá de menta, o odor das vísceras dos animais pendurados nos vários mercados labirínticos por onde vamos deambulando.

O vento fresco do Atlântico bate-nos de frente na cara em Casablanca. Sinto na pele a sua frescura e reporto-me a outros lugares similares.

Fès são as «tanneries» repletas de cores vivas que produzem um testemunho «puissant», para além da imagem das peles estendidas ao sol nos telhados. As especiarias e o pão espalmado, qual disco voador, levado nas mãos de uma criatura angelical de cerca de 4 anos. São os tambores, os cavalos e a dança do ventre.

É o final do dia na praça principal de Marrakesh. São as mulheres em gritos agudos e conversa ininterrupta que se oferecem para nos tatuar por 5 euros. É o cheiro a hortelã que transporto nas minhas mãos, enquanto deambulo pelos «Souks» e abraço ou afasto os odores dos vários sítios por onde passamos.


It's been a pleasure to meet you

21 de Outubro de 2008




Afeições? Quão difíceis de preservar. Obter e receber, tarefa árdua e de constante labuta.


Porque persistir na sua angariação, quando sabemos que a incógnita é sempre uma possibilidade inerente à mesma. O direito de julgar, o sentimento de sentença intrínseco, a obstinação em não revelar as verdadeiras emoções, o omitir opiniões, a escolha do perfil adequado às circunstâncias… eis a envolvente e indicadora do nosso desempenho e valor.


Ondula no meu peito a tua melodia, perscruto nos outros a tua passagem, perco-me constantemente na dúvida e só precisava de um pouco de fé. Porém, indubitavelmente, surge-me o fenecer desta ligação: «- Foi um prazer conhecer-te.»


Acrónico






"Adonde" foste?


Como perder a energia num mês? Simples… apanhar o vírus da gripe e deixá-lo tomar conta do nosso corpo. Nesse interminável período de tempo, lentamente, levemente e suavemente, vamos desistindo das coisas. Vão-se as vontades, os desejos e as acções. O limbo instala-se e deslocamo-nos na penumbra de nós mesmos. O «outro» espreita constantemente e alapa-se qual sheik, sem a típica saudação: «salamalicom»


As temperaturas baixas, a chuva que inunda os passeios, o sol que não rompe as nuvens: tudo invade a nossa disposição. O que desejamos? Derrubar as estirpes e dançar à chuva, invocando os espíritos da luz e da alegria.


Adeus, abandona o meu corpo, deixa-me respirar profundamente sem interrupções constantes, desfalece e evapora para outro hemisfério. Por entre esses magnificentes blocos de gelo. Desliza na escuridão da noite, transporta o silêncio das vozes que te acompanham numa cumplicidade repleta de mágoa e sofrimento.


Adeus.
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