Foto: Private Investigation_ Paulo Almeida
Maria está sentada à escrivaninha, remexendo na pilha de papéis e procurando em vão o recibo que falta para o IRS. Ao canto, a chávena de café espera pacientemente. Os óculos pousados, sentindo-se constantemente negligenciados. No cinzeiro, amontoam-se as beatas. A sala exala uma temperatura amena, envolta numa neblina de fumo expelida pelo tabaco. Nem dá conta do facto. Já lhe é natura.
Pensa na caixa de fósforos. Ele desaparecera na mesma. Sente falta do calor. A semana que se avizinha, reserva-lhe turnos extenuantes. Tenta abstrair, embrenhando-se na leitura de um livro que seja. A sua agitação interior e permanente, acaba por arruinar o seu ensejo: aquele é o seu calmo lugar, a sua concha, a sua almofada, o seu incenso, o seu xanax.
Katie Melua escolta os seus pensamentos. A música joga a figura parental na sua vida. Apoio no luto e na alegria. Ultimamente, tem-se apaixonado cada vez mais por jazz. Mas de tudo escuta um pouco.
Espreita pela janela: as nuvens afastam-se num burburinho pouco ritmado. Abrem-se brechas e os raios espreitam constrangidos e com receio da chuva, senhora e rainha da época. Wet, wet, wet…
Sai de casa e enterra os pés na areia, curiosamente, já seca. Desenha o contorno do pé direito e rodopia pelas dunas, sentindo o vento e a brisa do mar baterem-lhe na face. Respira profundamente e sente o seu coração a ganhar vida.
Perscruta o horizonte, ao longe a esplanada. O sol aconchega as cadeiras e as mesas. Vai no seu encalço e já esplendorosamente sentada, pede um alto douro com um travo de limão.
A caixa de fósforos não lhe abandona o entendimento. Acena na direcção das amigas que acabam de aparecer no seu campo de visão. As gajas! Ri-se. Seres únicos que, tal com dissera Cícero, não existem para serem compreendidas, mas antes para serem amadas. Muitos Deles não sabem disso, obviamente. Elas sabem, certamente. Se necessário, até brincam com o facto.
Maria sabe, com toda a certeza, mesmo tendo sofrido no passado. Tivesse sido aberta a caixa de fósforos três anos antes e tudo seria hoje bem mais claro! Ele desapareceria, na mesma, sim. Mas desta vez, Para Todo O Sempre.
Pensa na caixa de fósforos. Ele desaparecera na mesma. Sente falta do calor. A semana que se avizinha, reserva-lhe turnos extenuantes. Tenta abstrair, embrenhando-se na leitura de um livro que seja. A sua agitação interior e permanente, acaba por arruinar o seu ensejo: aquele é o seu calmo lugar, a sua concha, a sua almofada, o seu incenso, o seu xanax.
Katie Melua escolta os seus pensamentos. A música joga a figura parental na sua vida. Apoio no luto e na alegria. Ultimamente, tem-se apaixonado cada vez mais por jazz. Mas de tudo escuta um pouco.
Espreita pela janela: as nuvens afastam-se num burburinho pouco ritmado. Abrem-se brechas e os raios espreitam constrangidos e com receio da chuva, senhora e rainha da época. Wet, wet, wet…
Sai de casa e enterra os pés na areia, curiosamente, já seca. Desenha o contorno do pé direito e rodopia pelas dunas, sentindo o vento e a brisa do mar baterem-lhe na face. Respira profundamente e sente o seu coração a ganhar vida.
Perscruta o horizonte, ao longe a esplanada. O sol aconchega as cadeiras e as mesas. Vai no seu encalço e já esplendorosamente sentada, pede um alto douro com um travo de limão.
A caixa de fósforos não lhe abandona o entendimento. Acena na direcção das amigas que acabam de aparecer no seu campo de visão. As gajas! Ri-se. Seres únicos que, tal com dissera Cícero, não existem para serem compreendidas, mas antes para serem amadas. Muitos Deles não sabem disso, obviamente. Elas sabem, certamente. Se necessário, até brincam com o facto.
Maria sabe, com toda a certeza, mesmo tendo sofrido no passado. Tivesse sido aberta a caixa de fósforos três anos antes e tudo seria hoje bem mais claro! Ele desapareceria, na mesma, sim. Mas desta vez, Para Todo O Sempre.
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