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quinta-feira, 30 de abril de 2009

Pérolas


Apesar dos tempos que correm e de constantes lamúrias/reivindicações face ao estado da "nossa" Educação, continuo a acreditar no valor da mensagem que os professores "carpinteiros" validam todos os dias: ensinar e aprender andam de mãos dadas. Por isso mesmo, com a devida permissão da Cat, minha aluna, coloco aqui um texto de sua autoria que considerei um verdadeiro tesouro. Prova que ainda somos testemunhas de excepcionais seres em formação, que poderão trazer alegrias e mais-valias ao nosso futuro  e às da sua geração.

«Sinto-me desassossegada. Pois as palavras ganham um novo sentido quando não se tornam previsíveis; ganham uma nova vida quando propõem olhares e despertam perplexidades, quando inquietam o pensamento. E tornam-se sempre insuficientes quando com elas queremos dizer o que nos vai para lá da alma. Como agora.

 

A todos vocês que embarcaram comigo, aqui vos chamo de amigos.

 

Aos meus “amigos de viagem”, que embarcaram no mesmo cais, reservo uma passagem para

a outra margem, a da amizade, é um lugar certo no canto do coração e da memória.

 

Tudo o que com vocês partilhei, aprendi e adquiri vai servir-me de auto-alimento e de referência para dias mais tarde, para tempos que estão para vir…

 

A vossa prontidão e alerta nas horas certas, em que a minha maior vontade era recuar diante dos desafios, nunca vou esquecer.

 

Pois em cada acto de retorno consegui construir mais uma meta e, chegar ao fim, sempre de braço dado com vocês.

 

Palavras, gritos, sorrisos, lágrimas foi aquilo que vi ao longo desta caminhada, mas o que senti foi sem dúvida muito mais.

 

Cresci enquanto pessoa e aprendi a ser diferente com as vossas palavras certas no meu momento errado.

 

Tive um porto de abrigo seguro, roupa lavada e comida na mesa e muito mais. A vós vos louvo.

 

A ti que estiveste longe, mas que sempre me apoiaste incondicionalmente e acreditaste que eu era capaz quando eu julgava o contrário, te elevo.

 

E agora, na pobreza dos gestos e na fragilidade das palavras, nada mais me ocorre que este “obrigada”.

 

E agora a palavra-chave: Boa Sorte!»

A ti Cat, agradeço eu, por me ofereceres esta pérola.

Na Floresta do Alheamento
























Na sequência da leitura de um post colocado no http://prisaodepalavras.blogspot.com, vieram-me à memória deliciosas palavras desse homem fabuloso, que sempre conseguiu, consegue e conseguirá preencher a minha alma: Fernando Pessoa.

E assim nós morremos a nossa vida, tão atentos separadamente

a morrê-la que não reparamos que éramos um só, que cada

um de nós era uma ilusão do outro, e cada um, dentro de si, o

mero eco do seu próprio ser. . .

Zumbe uma mosca, incerta e mínima. . .

Raiam na minha atenção vagos ruídos, nítidos e dispersos, que

enchem de ser já dia a minha consciência do nosso quarto...

Nosso quarto? Nosso de que dois, se eu estou sozinho? Não sei.

Tudo se funde e só fica, fingindo, uma realidade-bruma em que

a minha incerteza soçobra e o meu compreender-me, embalado

de ópios, adormece. . .

A manhã rompeu, como uma queda, do cimo pálido da Hora.

. . Acabaram de arder, meu amor, na lareira da nossa vida,

as achas dos nossos sonhos.. .

Desenganemo-nos da esperança, porque trai, do amor, porque

cansa, da vida, porque farta, e não sacia, e até da morte, porque

traz mais do que se quer e menos do que se espera.

Desenganemo-nos, ó Velada, do nosso próprio tédio, porque

se envelhece de si próprio e não ousa ser toda a angústia que é.

Não choremos, não odiemos, não desejemos. . .

Cubramos, ó silenciosa, com um lençol de linho fino o perfil

hirto da nossa Imperfeição. . .

F. P.

O Eu profundo e os outros Eus

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