- HE walks in beauty, like the night
- Of cloudless climes and starry skies;
- And all that's best of dark and bright
- Meet in her aspect and her eyes:
- Thus mellow'd to that tender light
- Which heaven to gaudy day denies.
- One shade the more, one ray the less,
- Had half impair'd the nameless grace
- Which waves in every raven tress,
- Or softly lightens o'er her face;
- Where thoughts serenely sweet express
- How pure, how dear their dwelling-place.
- And on that cheek, and o'er that brow,
- So soft, so calm, yet eloquent,
- The smiles that win, the tints that glow,
- But tell of days in goodness spent,
- A mind at peace with all below,
- A heart whose love is innocent!
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
SHE WALKS IN BEAUTY
by: George Gordon (Lord) Byron (1788-1824)
Etiquetas:
Literatura Inglesa,
Lord Byron,
Pieces of my soul,
Poesia
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
O L E I T O R (excertos) de Teolinda Gersão
Sempre gostei de ler e nunca pensei que daí me pudesse vir algum mal. (...)
Ler era mais urgente do que tudo, varria-me o que trazia na cabeça – fadiga, preocupações, ansiedade, as coisas ruins do dia.
Frequentemente a vontade de saber o fim da história não me deixava parar antes da última página. Houve ocasiões em que adormeci de estômago vazio, vestido, sem tomar banho nem apagar a luz. O livro caía-me da mão, quando o sono me vencia. (...)
Quais são os (livros) que prefiro? Policiais, claro, gosto sobretudo de policiais. De Agatha Christie, especialmente. (...) Não há como os policiais para nos levarem para longe de onde estamos. Não é que eu não gostasse de ser maquinista. Mas é uma vida solitária, conduzir comboios. Está-se no meio da gente, mas sozinho, e quase não se fala com ninguém. (...)
As ruas à chuva. Também nos livros de Agatha Christie muitas vezes chovia. Não, eu nunca tinha ido a Inglaterra. Gostaria de ver Londres, mas também gostaria de ver o campo, sempre ouvira gabar o campo inglês.
Agatha Christie também devia gostar do campo, porque a maior parte dos seus livros se passa em pequenas localidades provincianas, onde todas as pessoas se conhecem, têm estas profissões ou aquelas, estes hábitos, defeitos, virtudes e tiques, moram em casas com jardim, têm determinado tipo de cortinas, mobílias de estilo ou móveis antiquados, e muitas vezes chuva nas janelas.
À primeira vista tudo aquilo nos é familiar, porque as personagens são iguais a qualquer pessoa, (...) parecem-se connosco ou com alguém que conhecemos, e por isso são-nos simpáticas. (...)
As pessoas têm histórias, culpas, terrores, vícios secretos. Todas elas escondem qualquer coisa. (...)
Ler é uma excelente forma de passar o tempo, sempre achei. Na última página fico do lado dos inocentes e felizes. A história acabou e tive a sensação da curiosidade satisfeita, porque fiquei a saber tudo. Ponto final. Posso passar a outro livro, outra aventura. (...)
Pensei estas coisas e outras, um dia e outro dia, enquanto s estações se sucediam, e o comboio deslizava sobre as linhas.
E assim poderia ter continuado, se de repente não me assaltasse a ideia de que podia trazer um livro, abri-lo no tablier ou sobre os joelhos, e ir lendo, um instante aqui e outro ali, quando o comboio parava. (...)
Foi esta ambição que me perdeu. A princípio tudo ia bem, cheguei a ler vários livros deste modo, aproveitando os segundos, nas paragens. Mas depois isso não me pareceu suficiente para a minha fome de leitura, e experimentei continuar a ler dentro do túnel, depois de pôr de novo o comboio em marcha. Era perfeitamente possível, verifiquei com surpresa e regozijo, porque grande parte da condução era automatizada.
Nessa altura senti-me no melhor dos mundos e felicitei-me por ser tão inteligente. Conseguia fazer o que mais gostava, dedicar-me a um passatempo nas horas de trabalho, e para cúmulo ainda era pago por isso. (...)
O que falhou então? Uma coisa mínima, ridícula: a fita magnética descontrolou-se e ficou uma estação atrasada. (...)
Não dei conta, embrenhado na leitura não ouvia a voz da gravação. (...) Foi esse pormenor que me perdeu. (...)
Ninguém se incomodou – excepto um dos passageiro, que se fixou nesse detalhe e veio até à cabine onde eu estava, para me avisar do descontrole da fita.
Imagino que abriu a boca, certamente para dizer isso, mas não disse nada, ficou de boca aberta, do lado de lá do vidro, a olhar para mim e para o livro que eu tinha aberto em frente. (...)
Perdi o emprego e, segundo parece, ainda tive sorte de não ter sido julgado por pôr em risco a vida alheia, e ser considerado candidato a homicida. (...)
Aparentemente, agora teria muito tempo para ler. No entanto tudo o que leio são anúncios – essa preocupação, e a ida a algumas entrevistas que terminam sempre em exclusões, ocupa-me os dias.
No entanto, mesmo que tivesse muito tempo para mim, não sei se leria como antes. Embora me envergonhe de o dizer, tenho uma saudade imensa de ler na cabine do maquinista. Não porque quisesse pôr em risco a vida de ninguém, mas porque lá dentro tudo se ajustava tão perfeitamente. No comboio e no livro, as linhas eram de certo modo paralelas. Ler também era seguir assim, por um túnel escuro, e chegar, de quando em quando, a uma plataforma iluminada.
Teolinda Gersão, Histórias de Ver e Andar, Publicações Dom Quixote
J'aime cet homme brutalement!
Os professores, por José Luís Peixoto
O mundo não nasceu connosco. Essa ligeira ilusão é mais um sinal da imperfeição que nos cobre os sentidos. Chegámos num dia que não recordamos, mas que celebramos anualmente; depois, pouco a pouco, a neblina foi-se desfazendo nos objetos até que, por fim, conseguimos reconhecer-nos ao espelho. Nessa idade, não sabíamos o suficiente para percebermos que não sabíamos nada. Foi então que chegaram os professores. Traziam todo o conhecimento do mundo que nos antecedeu. Lançaram-se na tarefa de nos atualizar com o presente da nossa espécie e da nossa civilização. Essa tarefa, sabemo-lo hoje, é infinita.
O material que é trabalhado pelos professores não pode ser quantificado. Não há números ou casas decimais com suficiente precisão para medi-lo. A falta de quantificação não é culpa dos assuntos inquantificáveis, é culpa do nosso desejo de quantificar tudo. Os professores não vendem o material que trabalham, oferecem-no. Nós, com o tempo, com os anos, com a distância entre nós e nós, somos levados a acreditar que aquilo que os professores nos deram nos pertenceu desde sempre. Mais do que acharmos que esse material é nosso, achamos que nós próprios somos esse material. Por ironia ou capricho, é nesse momento que o trabalho dos professores se efetiva. O trabalho dos professores é a generosidade.
Basta um esforço mínimo da memória, basta um plim pequenino de gratidão para nos apercebermos do quanto devemos aos professores. Devemos-lhes muito daquilo que somos, devemos-lhes muito de tudo. Há algo de definitivo e eterno nessa missão, nesse verbo que é transmitido de geração em geração, ensinado. Com as suas pastas de professores, os seus blazers, os seus Ford Fiesta com cadeirinha para os filhos no banco de trás, os professores de hoje são iguais de ontem. O ato que praticam é igual ao que foi exercido por outros professores, com outros penteados, que existiram há séculos ou há décadas. O conhecimento que enche as páginas dos manuais aumentou e mudou, mas a essência daquilo que os professores fazem mantém-se. Essência, essa palavra que os professores recordam ciclicamente, essa mesma palavra que tendemos a esquecer.
Recusar a educação é recusar o desenvolvimento.
Artigo de José Luís Peixoto, publicado na revista Visão de 13 de Outubro de 2011
Etiquetas:
José Luís Peixoto,
Literatura,
My favourite things
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Oliver Twist
Oliver Twist is unfortunate enough to have his mother expire while giving birth to him in a workhouse towards the middle of the nineteenth century. A ward of the Parish orphanage, he is transferred back to the workhouse when he is almost ten years old. After casting lots with the rest of the starving boys, Oliver is chosen to ask for more gruel. Desperate from hunger and reckless with misery, Oliver keeps his end of the deal and asks for more. Oliver is ejected from the workhouse by his 'kind' benefactors, taking up service as an undertaker's apprentice. Oliver resolves to run away after further cruel treatment, finding himself on the long and hard road to London. Oliver considers himself fluky to meet a stranger along the way, Jack Dawkins, who offers him food and a place to stay in London. Jack informs Oliver that he is better known as 'the Artful Dodger', a protégé of an elderly, Jewish gentleman known as Fagin. Oliver falls foul of the law when accompanying two of his new colleagues while they relieve a respectable, old gentleman of his handkerchief, realizing with horror that he has naively fallen in with a gang of pick-pockets. Deserted at high speed by the real culprits, then captured and assumed to be the thief, he is brought before the magistrate. The victim of the theft, a Mr. Brownlow, takes pity on Oliver and is not altogether sure that Oliver took his handkerchief in the first place. Unwilling to press charges, Mr. Brownlow eventually persuades the magistrate to release Oliver. The night spent in the cell and the trauma of the hearing prove too much for Oliver's frail constitution and he takes a fever. Oliver wakes up many days later to find himself in a comfortable bed, in the very comfortable residence of Mr. Brownlow at Penton Ville. Oliver's situation is clearly much improved, but the old Jew, Fagin, worried about information regarding the nature and whereabouts of his operation being relayed to the police, plots to steal Oliver away from his new home.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Egito
Três fragmentos iniciais de "Janela dos Caos"
Murilo Mendes
1
Tudo se passa
Num Egito de corredores aéreos,
Numa galeria sem lâmpadas
À espera de que Alguém
Desfira o violoncelo
- Ou teu coração?
Azul de guerra.
2
Telefonam embrulhos,
Telefonam lamentos,
Inúteis encontros,
Bocejos e remorsos.
Ah! Quem telefonaria o consolo,
O puro orvalho
E a carruagem de cristal.
3
Tu não carregaste pianos
Nem carregaste pedras,
Mas tua alma subsiste
- Ninguém se recorda
E as praias antecedentes ouviram -
O canto dos carregadores de pianos,
O canto dos carregadores de pedras.
Murilo Mendes
1
Tudo se passa
Num Egito de corredores aéreos,
Numa galeria sem lâmpadas
À espera de que Alguém
Desfira o violoncelo
- Ou teu coração?
Azul de guerra.
2
Telefonam embrulhos,
Telefonam lamentos,
Inúteis encontros,
Bocejos e remorsos.
Ah! Quem telefonaria o consolo,
O puro orvalho
E a carruagem de cristal.
3
Tu não carregaste pianos
Nem carregaste pedras,
Mas tua alma subsiste
- Ninguém se recorda
E as praias antecedentes ouviram -
O canto dos carregadores de pianos,
O canto dos carregadores de pedras.
Etiquetas:
Murilo Mendes,
My favourite things,
Poesia
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Subscrever:
Mensagens (Atom)